sábado, 3 de outubro de 2009

Analisando o Velho e o Moço





Deixo tudo assim
não me importo em ver
a idade em mim
ouço o que convém
eu gosto é do gasto

sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo o cuidado

e se eu fosse o primeiro
a voltar pra mudar
o que eu fiz
quem então agora eu seria

ahh tanto faz
e o que não foi não é
eu sei que ainda vou voltar
mas eu quem será?

deixo tudo assim
nao me acanho em ver
vaidade em mim
eu digo o que condiz
eu gosto é do estrago

sei do escândalo
e eles tem razão
quando vem dizer
que eu não sei medir
nem tempo e nem medo

e se eu for o primeiro
a prever e poder
desistir do que for dar errado

ahhh ora se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim
dispenso a previsão

ahhh se o que eu sou
é tambem o que eu escolhi ser
aceito a condição

vou levando assim
que o acaso é amigo
do meu coração
quando fala comigo
quando eu sei ouvir

O velho e o moço, retrata a forma de como uma mesma pessoa enxerga vida e pensa de formas totalmente distintas durante períodos da sua vida. Amarante faz uma análise da contradição na forma de pensar de um indivíduo durante a sua velhice e a sua juventude, evidenciando a forma de pensar sobre o tempo em situações opostas na vida.
A primeira parte da música, procura mostra o ponto de vista de um velho. Esse idoso já demonstra um certo conformismo na maneira como leva a vida. Ele observa que seu corpo já não responde mais da mesma forma como era antes, sem o mesmo vigor físico da juventude, ele percebi que não tem mais autonomia nem autoridade em relação a sua família. E com isso, acaba sempre abrindo mão da sua vontade parar aceitar algo que seja mais conveniente para os outros, porque o que ele gosta já é considerado ultrapassado.
O velho tem consciência que ele deixou de ser uma pessoa independente, e que hoje precisa da ajuda de outras pessoas para realizar ações simples.
O senhor ao pensar em como esta sua vida agora, começa a fazer uma reflexão sobre as suas atitudes tomadas ao longo da vida e que fizeram ser quem ele é hoje. E com essa reflexão, ele entra em um questionamento de como ele séria caso as atitudes que ele tomou no passado fossem outra.
E logo ele chegou a conclusão que esse tipo de questionamento não tem importância, pois as atitudes que ele tomou ou deixou de tomar, fez dele o que ele é hoje, e não da para voltar no tempo, para ver quais seriam as consequências caso as escolhas que ele tomou fossem outras. (alem disso, ele fala sobre a reencarnação, afirmando que ainda ira voltar a ter um nova vida, mas não sabe quem será)
Na segunda parte da música, é mostrado a o pensamento de um moço, que não pensa em mudar a forma como leva a vida. Como todo rapaz, ele tem preocupação com a sua aparência, e procura estar sempre se enquadrando ao padrão estabelecido de como deve ser um jovem.
Ele sabe o quanto seu comportamento juvenil causa espanto nas pessoas mais velhas, e confessa dar razão a essas pessoas, ao dizerem que ele não consegui medir o tempo(creio que esteja se referindo a coisas na vida que ele deixa passar sem perceber, e acha que pode conseguir depois) e nem medo(creio que esse medo, seria talvez certos riscos que existem, mas que muitas vezes são ignorados pelos jovens, como uso de drogas, brigas ou qualquer coisa que venha lhe prejudicar).
O moço, ao para para pensar no seu futuro, entra em um questionamento a respeito do seu destino. Ele começa a se perguntar como seria se ele pudesse prever todas as consequências das suas escolhas, para assim, saber qual será o melhor caminho a ser seguido.
Logo o jovem chegou a conclusão que, só quem pode decidir suas escolhas é ele, e que tentar ter alguma previsão do que realmente é melhor para ele seria inútil, pois o que acontecer como consequência de suas atitudes, tanto no acerto quanto no erro, servirá de experiência para ele, e fará parte da construção da sua personalidade. Então o que ele escolher, será o que ele quer ser, fazendo ele ser quem ele é.
No final, ele reforça a idéia de que ele leva a vida, de acordo com seu coração, tomando as escolhas que ele achar que devem ser tomadas, independente de estar certo ou errado.
Amarante mostra claramente nessa música, a forma de pensar sobre a vida e sobre o tempo, que são renovadas a medida que o tempo vai passando, ate chegar ao ponto que, tudo esta subvertido.
Bem pessoal é isso que entendo ao ouvir essa música. Sinto que ainda posso escrever mais, mas fica para outra postagem

12 comentários:

  1. Gostei muito, a melhor interpretação que vi procurando nos blogs por aí... Parabéns!

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  2. Eu tinha a ideia de fazer uma interpretação dessa música em meu Blog, mas já vi que você cumpriu essa função, e muito bem.

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  3. Ótima interpretação, sempre pensei que fosse basicamente isso também. Adiciono apenas que o pensamento do velho sobre reencarnação seja a demonstração da necessidade que as pessoas nesse ponto da vida têm de acreditar em algo alem da vida para se conformarem com o fim.

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  4. Sempre vi essa música como um diálogo entre "pai e filho'.
    Gostei muito da análise, como sempre as músicas de Los Hermanos nos fazendo refletir.

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  5. Eu adoro essa musica! ...Perfeito sua análise.

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  6. Essa música parece fazer sentido aos que não são nem jovens demais, nem velhos demais. Um período onde já tomamos decisões (me incluo nessa etapa da vida e essa música se tornou hoje quase um mantra pra mim), que não podem ser mudadas. Mas ainda tomaremos decisões que terão suas consequências. Ficando assim a condição de reflexão no passado e escolha das coisas para o futuro.

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    1. MUITO BOM SEU COMENTÁRIO, ESQUEMA O FILME EFEITO BORBOLETA

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  7. Interessante, mas discordo. Entendo que, tal qual em outras canções do Disco Ventura, como em O Vento por exemplo, e talvez até o próprio nome do disco se refira à reencarnação. Percebe-se muito elementos da Doutrina Espírita na canção. O velho e o moço são o mesmo espírito em encarnações diferentes. A canção começa no final de uma encarnação e o personagem manifesta algumas inqueitações do fim da vida. Como por exemplo: e se eu for o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz? Quem então agora eu seria?
    Na segunda parte o espírito em outra encarnação se aflige com os dilemas da fase jovem da vida mas demonstra resignação por exemplo no trecho que diz: se eu sou o que escolhi ser aceito a condição. Ensina a Doutrina Espírita que ao espírito, quando já tenha adquirido certa maturidade lhe é permitido escolher provações ou missões para o seu adiantamento.
    Interessante também acho o trecho instrumental. Me parece que é o tempo entre o desencarne, passagem pelo mundo espiritual e nova encarnação.
    Assim eu vejo a canção.

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  8. Que arraso! É tão satisfatório encontrar pessoas que compartilham o refinado gosto de curtirem LH.

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